Sexta-feira 13, dia do azar. Os mais supersticiosos mudam rotinas, evitam perigos, tentam escapar a tudo o que não controlam. Outros acham que se trata de pura brincadeira. Entre uma coisa e outra temos, claro, os verdadeiros azares. E na GSD são muitos os que nos entram porta dentro ao longo do ano.

Imagine o miúdo de onze anos que anda em correria pela escola atrás de um colega. À entrada de uma sala, fecham-lhe a porta na cara. O rapaz tem o maxilar superior mais desenvolvido e bate precisamente com os dentes de cima na porta! Lá está, é o verdadeiro azar! Depois de partir os dentes da frente, acabou na GSD...

Contadas à distância, estas são histórias até com algum sentido de humor. Mas começam sempre como casos muito angustiantes e desafiantes, para os pacientes e para nós. A solução foi um tratamento com implantes, mas como se tratava de um rapaz ainda em fase de crescimento, acabámos por acompanhá-lo ao longo dos anos, monitorizando o seu desenvolvimento ósseo. A assim esta história se transformou numa fantástica relação médico-paciente-família, ou seja, um azar transformou-se num desafio, e o desafio numa história muito gratificante!

Imagine agora aquele pai de família que daqui a uma semana tem viagem marcada para o Kuwait, para onde vai trabalhar. Numa brincadeira com os miúdos lá em casa, leva uma cabeçada e perde um dente. Vai desdentado e com um abcesso para o mais importante desafio profissional da sua vida? Não pode. Conseguimos, na GSD, resolver o problema colocando um implante provisório. Este caso tornou-se, aliás, objecto de estudo e exemplo nas nossas apresentações, porque o implante provisório correu tão bem que acabou por durar ano-e-meio, até esta pessoa ter finalmente oportunidade de regressar do Kuwait para concluir o tratamento.

Em vez de azares, chamemos-lhe então desafios, não só para nós, mas também para os pacientes. A medicina dentária evoluiu tanto que, hoje, um azar não deve fazer-nos desesperar à partida. Lembro-me daquela senhora inglesa, que estava de férias por Peniche. A uns dias de regressar a casa partiu um dente e acabou na nossa clínica. Sim, é muito difícil perde um dos dentes da frente, fica-se com aquela sensação de vergonha, quase como se estivéssemos nus. Mas a senhora regressou a Inglaterra bem orgulhosa do seu sorriso.

Boa sorte!  
Gonçalo Dias