Aí está um dos grandes mitos relacionados com a saúde oral: já toda a gente ouviu dizer que as mulheres grávidas tendem a degradar os seus dentes, nomeadamente o esmalte, porque há uma suposta transferência de cálcio para o bebé. Será verdade?
Esta foi uma convicção que a sabedoria popular se encarregou de passar de geração em geração, mas na realidade não passa de uma grande mentira, ou uma espécie de mito urbano que o tempo se encarregou de consolidar.
De uma forma geral, eis o que se passa: a gravidez significa uma fase de inerentes alterações físicas e hormonais a que o corpo feminino está sujeito. A nível da saúde oral, são precisamente estas alterações hormonais que reduzem defesas ou acentuam problemas já existentes.
Não se verifica, portanto, essa suposta transferência directa de cálcio da mãe para o bebé. O mais comum, como está provado cientificamente, é que na altura da gravidez se tornem mais visíveis alguns problemas até então latentes, como cáries ou doenças das gengivais.
Mais uma vez, a chave é a prevenção e monitorização. Se é verdade que a saúde oral é preferencialmente salvaguardada numa lógica preventiva, com consultas de seis em seis meses que impedem o surgimento de males maiores e mais difíceis de debelar, no caso de uma grávida a prevenção é a ainda mais importante, até porque os tratamentos futuros podem ser condicionados precisamente pela própria gestação. Importa, assim, estar atento.
E não dar este mito como alvo verdadeiro ou inevitável.
Obrigado e boa semana!
Gonçalo Dias
Gravidez. Vamos acabar com o mito da perda de cálcio?
01-01-2018